As cartas de tarot são repletas de simbolismos que transcendem culturas e eras. Elas carregam significados profundos e misteriosos que vão além das imagens superficiais. Neste artigo, exploraremos o simbolismo mitológico presente na carta do Eremita, destacando elementos de várias mitologias e religiões, dispostos em ordem cronológica.
O Eremita no Tarot
O Eremita é a carta número nove do tarot, representando introspecção, sabedoria, busca espiritual e isolamento. Tradicionalmente, a carta mostra uma figura solitária segurando uma lanterna, simbolizando a busca pela verdade interior e o conhecimento. O Eremita é um guia que ilumina o caminho da sabedoria e da compreensão profunda.
Mitologia Mesopotâmica (c. 3000 a.C. - 500 a.C.)
Na antiga Mesopotâmia, o deus Enki (ou Ea) é uma figura de sabedoria, conhecimento e introspecção. Enki é frequentemente associado à água, à sabedoria e à criação, muitas vezes retratado como um deus que traz conhecimento oculto e orientação. O Eremita, com seu foco em sabedoria e busca espiritual, pode ser associado a Enki, que simboliza a busca pelo conhecimento profundo e a introspecção.
Mitologia Egípcia (c. 2700 a.C. - 30 a.C.)
Na mitologia egípcia, Thoth é o deus da sabedoria, da escrita e da magia. Ele é frequentemente representado como um escriba que possui conhecimento dos segredos do universo. Thoth é o guardião dos conhecimentos ocultos e é associado à introspecção e à busca pelo entendimento. A carta do Eremita, com seu tema de sabedoria e busca espiritual, ressoa com Thoth, que representa a introspecção e a iluminação espiritual.
Mitologia Hindu (c. 1500 a.C. - presente)
Na tradição hindu, Shiva, em sua forma de asceta, é uma figura de introspecção, meditação e sabedoria espiritual. Shiva é frequentemente representado meditando nas montanhas, simbolizando a busca pela verdade interior e a renúncia ao mundo material. O Eremita, com seu foco em busca espiritual e isolamento, pode ser visto como uma homenagem a Shiva, que simboliza a introspecção e a busca pela iluminação.
Mitologia Chinesa (c. 1600 a.C. - presente)
Na mitologia chinesa, Laozi (ou Lao-Tzu), o fundador do Taoismo, é uma figura de sabedoria e introspecção. Laozi é conhecido por seus ensinamentos sobre o Tao (o caminho) e a importância da busca interior e da harmonia com a natureza. A imagem do Eremita, com seu tema de sabedoria e busca espiritual, pode ser associada a Laozi, refletindo a introspecção e a busca pelo entendimento profundo.
Mitologia Grega (c. 1200 a.C. - 146 a.C.)
Na mitologia grega, Cronos (ou Saturno) é uma figura que representa o tempo e a introspecção. Após ser deposto, Cronos se retira para uma existência isolada, simbolizando a introspecção e a reflexão sobre o passado. A carta do Eremita, com seu tema de sabedoria e busca espiritual, ressoa com Cronos, que representa a introspecção e a busca pelo entendimento do tempo e da existência.
Mitologia Celta (c. 800 a.C. - 400 d.C.)
Na mitologia celta, o druida é uma figura de grande sabedoria e introspecção. Os druidas eram conhecidos por seu profundo conhecimento da natureza, da magia e dos rituais sagrados, frequentemente vivendo vidas isoladas para buscar a sabedoria e a iluminação. O Eremita, com seu foco em sabedoria e busca espiritual, pode ser comparado à figura do druida, que simboliza a introspecção e a busca pelo conhecimento profundo.
Mitologia Romana (c. 753 a.C. - 476 d.C.)
Na mitologia romana, Saturno (equivalente a Cronos na mitologia grega) é uma figura associada ao tempo e à introspecção. Após sua deposição, Saturno se retira e vive isolado, simbolizando a reflexão sobre o passado e a busca pela sabedoria. A carta do Eremita, com seu tema de sabedoria e busca espiritual, ressoa com Saturno, que representa a introspecção e a busca pelo entendimento do tempo e da existência.
Mitologia Nórdica (c. 800 d.C. - 1300 d.C.)
Na mitologia nórdica, Odin é uma figura de grande sabedoria e introspecção. Ele é frequentemente representado como um viajante solitário em busca de conhecimento, sacrificando até mesmo um de seus olhos para obter sabedoria. A imagem do Eremita, com seu tema de sabedoria e busca espiritual, pode ser vista como uma representação das qualidades de Odin, que simboliza a introspecção e a busca pelo conhecimento profundo.
Mitologia Japonesa (c. 500 d.C. - presente)
Na mitologia japonesa, Susa-no-o é uma figura que, após ser exilado do céu, passa por um período de introspecção e busca espiritual. Ele é frequentemente associado à tempestade e ao mar, mas também à regeneração e ao renascimento. A imagem do Eremita, com seu tema de sabedoria e busca espiritual, ressoa com Susa-no-o, que simboliza a introspecção e a transformação através do isolamento.
Mitologia Asteca (c. 1300 d.C. - 1521 d.C.)
Na mitologia asteca, Quetzalcoatl é uma figura de sabedoria e introspecção. Ele é frequentemente associado ao conhecimento, à criação e à busca pela iluminação. Quetzalcoatl passa por um período de retiro e reflexão antes de retornar como uma figura de sabedoria. A carta do Eremita, com seu foco em sabedoria e busca espiritual, ressoa com Quetzalcoatl, que simboliza a introspecção e a busca pelo conhecimento profundo.
Tradição Católica (c. 30 d.C. - presente)
No catolicismo, São Jerônimo é frequentemente associado à sabedoria e à introspecção. Ele é conhecido por sua tradução da Bíblia para o latim e por sua vida de reclusão e estudo. A imagem do Eremita, com seu tema de sabedoria e busca espiritual, pode ser associada a São Jerônimo, que simboliza a introspecção e a busca pela verdade espiritual através do isolamento e do estudo.
Mitologia Afro-brasileira (c. 1500 d.C. - presente)
Na mitologia afro-brasileira, Ossaim é o orixá das folhas, das ervas e do conhecimento. Ele é uma figura de grande sabedoria e introspecção, frequentemente vivendo em isolamento para buscar o conhecimento das plantas e seus poderes curativos. O Eremita, com seu foco em sabedoria e busca espiritual, ressoa com a energia de Ossaim, que simboliza a introspecção e a busca pelo conhecimento profundo através da natureza.
Conclusão
O Eremita é uma carta rica em simbolismo mitológico, oferecendo uma perspectiva profunda sobre introspecção, sabedoria, busca espiritual e isolamento. Através das lentes das mitologias mesopotâmica, egípcia, hindu, chinesa, grega, celta, romana, nórdica, japonesa, asteca, afro-brasileira e da tradição católica, podemos ver como este arcano maior se conecta a temas universais de busca pela verdade interior e pelo conhecimento profundo. Ao compreender esses símbolos, ganhamos uma visão mais rica e matizada das mensagens que o tarot tem a oferecer.
